sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Ainda sobre a partida do Pastor João Rosa de Oliveira - pelo Pastor Tiago Cavaco

O querido Pastor João Rosa de Oliveira com a esposa -  a querida irmã Dª Lidia -  e o querido Pastor Tiago Cavaco -  com a sua esposa  Rute, e os filhos -  Maria, Marta, Joaquim, e ao colo do Pai o  Caleb

Do Blogue, Voz do Deserto -  http://vozdodeserto.blogspot.pt/ - da responsabilidade do querido Pastor Tiago Cavaco, trouxe este interessante texto, que partilho aqui, com os amigos que habitualmente por aqui passam.

TERÇA-FEIRA, NOVEMBRO 11, 2014


Ainda sobre a partida do Pr. Oliveira

A partida do Pr. Oliveira é extraordinariamente pedagógica. Deixem-me começar pelo nível mais elementar e desinteressante. A partida do Pr. Oliveira é pedagógica a nível pessoal porque nos coloca no nosso devido lugar. Há uma tendência terrível na idade da comunicação massificada de querermos celebrar a vida de alguém não tanto pelo valor da vida que celebramos mas mais por aquilo que vamos dizer publicamente acerca dessa vida. Como se houvesse um desafio para o melhor texto partilhado na net sobre a morte de alguém. Mas um homem como o Pr. Oliveira deixou tantas histórias que a sua vida se democratiza de um modo que ninguém se arma em imperador. O Pr. Oliveira foi o meu líder espiritual dos meus 8 aos meus 22 anos. Baptizou-me. Ofereceu-me a Bíblia branca no meu casamento. Tenho tantas histórias com ele. Mas rapidamente nos apercebemos, no seu funeral apenas, que a fonte de experiências com ele é inesgotável. O Pr. Oliveira, imitando Cristo, deu a sua vida aos outros. E por isso os outros estão cheios de histórias dele. Ninguém tentará a melhor história porque ninguém cairá na asneira de sequer tentar insinuar que teve mais do Pr. Oliveira que todos os outros. O Pr. Oliveira teve uma vida tão rara de dedicação às pessoas que não ousaremos dar a entender que o Pr. Oliveira se dedicou mais a nós que aos outros.
Mesmo nestas últimas semanas de grande sofrimento físico as histórias multiplicam-se. Conto duas apenas entre várias que me impressionaram. A primeira, contada pela sua própria esposa, Irmã D. Lídia. Nos últimos dois dias o Pr. Oliveira já não conseguia falar. O seu mal-estar era evidente e só conseguia obter um pouco de alívio ouvindo aquilo pelo que os seus ouvidos sempre se deliciaram: a Palavra de Deus. Isto significou que a D. Lídia passava o tempo a ler textos da Bíblia e a cantar hinos. Sem interrupções. Claro que volta e meia tinha de parar porque estava exausta (até pelas noites seguidas que não dormia). O Pr. Oliveira não se ficava: imediatamente a cutucava para ela continuar. O Pr. Oliveira não pregava do púlpito. Pregava do peito. A Palavra foi o seu remédio a vida inteira. Quando estava são e quando estava doente.
A segunda história é daquelas raras no imaginário evangélico. Como os evangélicos são pessoas da sola scriptura, incutem uma reserva prudente a relatos demasiado epifânicos. Mas esta história é uma história do momento anterior à sua morte. Nos últimos dois, três dias, o Pr. Oliveira perdeu as forças de um modo que já nem conseguia puxar o lençol da sua cama para cima. Não conseguia beber. Não conseguia ir à casa de banho. Pouco antes do último suspiro abriu um sorriso rasgado (o Pr. Jónatas Figueiredo disse com razão que o Pr. Oliveira foi o homem mais fotogénico que conheceu porque nenhum retrato o registava sem o seu sorriso omnipresente). Abriu um sorriso rasgado e aplaudiu. Bateu palmas com as mesmas mãos que já não conseguia levantar. O Pr. Rui Sabino sugeriu no sermão que provavelmente viu o que Estêvão viu na hora do seu martírio: o seu Senhor Jesus na glória. E partiu em paz.
Esta é uma história que nos arrepia. E com toda a justiça. Perdoem-me a comparação desajeitada mas se os baptistas portugueses fossem o Vaticano o Pr. João Rosa de Oliveira rapidamente seria canonizado.
É fácil para pastores jovens na idade da internet irem buscar os modelos ao estrangeiro. No meu caso a influência recente do Pr. John Piper é fundamental. Mas a verdade é que é compreensível eu querer apanhar a onda do desejo de Deus deste pregador americano porque tive um pregador português que a surfou até ao fim. O hedonismo cristão (termo cunhado pelo Pr. Piper para resumir que Deus é mais glorificado quanto maior prazer temos nele) foi a vida do Pr. João Rosa de Oliveira. O Pr. Beto Marques resumiu na perfeição o Pr. Oliveira dizendo acerca dele ter sido o homem mais feliz que conheceu. Esta é a mais pura das verdades. A herança que nenhum dinheiro consegue comprar e que o Pr. Oliveira deixou a todos os que o conheceram foi uma alegria insuperável em Cristo. Até ao último fôlego o Pr. Oliveira não só falou de Cristo como quis mais dele. Foi um insatisfeito até ao fim porque sabia que o seu apetite só estaria saciado na presença do próprio Cristo. Por isso fez uma coisa que nunca tinha visto num funeral: escreveu uma carta às pessoas presentes na cerimónia fúnebre. Qual o resumo dessa carta? Que agora estava feliz, muito feliz, infinitamente feliz
 Nota:
 O texto continua...poderá ler mais

Pastor Tiago Cavaco

No blogue: Voz do Deserto 

4 comentários:

Manuela Pacheco disse...

Lindo.Que o Senhor o tenha na sua Santa Glória. Amém! Abraço grande. Manuela

Viviana disse...

Está com certeza... boa amiga Manuela.

O meu abraço e o desejo de um lindo dia
Viviana

esperança disse...


Que bom foi, nos teres proporcionado ler o texto do Pastor Tiago Cavaco. Maravilhei-me!!!...
Também me maravilhei com o teu texto de homenagem Pr. Oliveira.

Convivi com o saudoso Pr. Oliveira quando ele ainda era jovem, e eu pouco mais do que uma criança. E nestes últimos tempos, quando se encontrava com o nosso querido irmão, Pastor João Serafim regueiras, no IPO. Os dois iam fazer tratamento. O Pr. Oliveira, mesmo doentinho, era admirável!!!...Sempre com aquele sorriso, só dele!!!...E Palavras de ânimo… Tão belas e profundas…Que nunca o vou esquecer.


Viviana disse...


Sim, querida maninha!

Ele era admirável!

Eis aqui um dos seus versículos preferidos, que recitava de memória em simultâneo com o nosso querido maninho - Pastor Regueiras, na sala de espera do Hospital:

"Mas eu sou como a oliveira verde
na casa de Deus;confio na misericórdia de Deus para sempre, eternamente"

Confiou mesmo!

Um abraço
Viviana

(Livro dos Salmos 52:8)